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28 de dezembro de 2016

as mulheres de luto

as mulheres de luto soltam
saias,
não se compadecem
com brilhos subalternos

mascam a sardinha e o sargaço

não temem os ventos aspirais dos cérebros
mal dos velhos
em quilhas e madeiras secas de vis sacodem
a côdea, arrombam

não cospem ou latejam acenos
nas malgas sobre os joelhos
entornam os caldos de solda

vão longe os beijos
inscritos nos cascos

cortados olhares secos

a remos o roliço
da língua

mulheres de sem retorno

mar

praças

ancas e lanternas em gamelas
apregoares de lesmas e têmperas enlatadas
volvem agora em oásis

uma inscrição na testa derrama óleos.


                                                     Aurelino Costa
                                                “Domingo No Corpo”

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