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29 de dezembro de 2016

1ª canção da terra

Trabalhaste
Até aquela hora
Em que alguém veio
Sorrateiro
E te levou

Eras o carpinteiro com tudo preparado
Desde o betume
Ao formão


Assim alguém veio
Sorrateiro
E te levou

Era Setembro
Tempo de vindimas
Alguém precisou de ti
E te levou
Para acertares as dornas
Que há no céu

E a um canto ficou
O betume
E o formão

Mas o vinho
Já não ferve
Nas mesmas dornas
E a prensa espreme
As últimas lágrimas
Do vinho amargo
Da saudade

Adeus

                            (1ª canção da terra – a meu pai António, 09/95)



                                                           Aurelino Costa
                                                      “Na Raiz Do Tempo”

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